Introdução:
Para falarmos sobre diverticulite, primeiro precisamos entender o que significa a presença de divertículos no intestino grosso. Esta condição, a presença de divertículos no intestino grosso sem sintomas associados, recebe o nome de diverticulose.
A diverticulose é uma condição do intestino que afeta muitas pessoas, principalmente os mais velhos – a presença de divertículos (não de diverticulite!) em pacientes acima de 80 anos pode superar os 60%.
A diverticulite é uma inflamação dos divertículos, que são pequenas bolsas que se formam na parede do cólon. Essas bolsas se desenvolvem quando a pressão no cólon aumenta, geralmente devido a uma dieta pobre em fibras. À medida que envelhecemos, é mais provável que desenvolvamos divertículos no cólon.
Na maioria das vezes, a diverticulite é leve e pode ser tratada com mudanças na dieta e medicação. No entanto, em casos mais graves, pode ser necessário cirurgia.
O Dr. Matheus Duarte Massahud, coloproctologista em Belo Horizonte, possui experiência no tratamento clínico e cirúrgico de pacientes com diverticulite.
Fontes: Messmann. Atlas of Colonoscopy e Steele et al. The ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery. 3rd edition.
Etiologia:
A diverticulite ocorre quando pequenas bolsas (divertículos) se formam na parede do intestino grosso e inflamam, causando dor abdominal. Nos estágios iniciais, a diverticulite pode ser assintomática ou apresentar sintomas leves, mas em casos mais graves pode levar a complicações como abscessos, perfuração intestinal e sepse. Por isso, é importante estar atento aos sinais de alarme e procurar ajuda médica.
Causas da diverticulite
Os divertículos se formam quando a pressão no cólon aumenta. A falta de fibras na dieta é uma das principais causas de divertículos. Quando a dieta é pobre em fibras, as fezes ficam mais secas e difíceis de passar, aumentando a pressão no cólon, em especial no sigmoide que possui o menor diâmetro dentre todos os segmentos do intestino grosso, sendo o local em que os divertículos são mais frequentes. Outros fatores de risco incluem:
- Idade: a prevalência da doença aumenta com a idade;
- Obesidade: pacientes acima do peso apresentam mais chance de ter divertículos e a inflamação deles (diverticulite);
- Tabagismo;
- Fonte: Google imagens
- Sedentarismo;
- Dieta rica em alimentos processados como fast-food e embutidos;
Fonte: Google imagens
- Uso excessivo de antiinflamatórios não-esteroidais (ibuprofeno, nimesulida, etc).
Sintomas da diverticulite
Os sintomas da diverticulite incluem:
- dor abdominal;
- febre;
- náuseas;
- vômitos;
- alterações agudas no hábito intestinal, como diarreia ou constipação.
Na maioria das vezes, a dor é aguda e localizada na parte de baixo do abdome, no lado esquerdo.
É importante estar atento a esses sinais e procurar um médico coloproctologista para avaliação e diagnóstico adequados.
Em caso de dor muito intensa (insuportável) em todo o abdome que fica duro como uma tábua, você deve se dirigir ao pronto-atendimento imediatamente.
Diagnóstico da diverticulite:
O diagnóstico é feito com base nos sintomas: dor abdominal intensa, geralmente localizada na parte inferior esquerda do abdome e com início agudo, febre.
Em casos mais graves podemos ter dor abdominal difusa e irritação peritoneal assim como perceber sinais de sepse como taquicardia e taquidispneia e até mesmo hipotensão (pressão arterial mais baixa).
Além dos sintomas, observamos alterações laboratoriais: leucocitose, aumento de PCR e, em alguns casos, alteração da função renal e no exame de urina.
E, para confirmação diagnóstica, devemos ter um exame de imagem, sendo o de escolha a tomografia computadorizada com contraste venoso. Este exame vai confirmar o diagnóstico e definir a gravidade do caso, assim como servir como guia para a melhor opção de tratamento.
A tomografia computadorizada permite categorizar o paciente dentro da classificação de Hinchey. Essa classificação nos auxilia a definir qual o tratamento adequado, assim como é um fator prognóstico para o paciente.
– Hinchey I: abscesso próximo ao cólon – tratamento com antibióticos exclusivamente (venosos e/ou orais).
– Hinchey II: abscesso na pelve – tratamento com antibióticos e punção guiada por imagem (ultrassonografia ou tomografia computadorizada) do abscesso. Em boa parte dos casos é preciso agendar uma cirurgia eletiva depois devido a alta recidiva.
– Hinchey III: peritonite purulenta – tratamento com cirurgia em caráter de urgência.
– Hinchey IV: peritonite fecal – tratamento com cirurgia em caráter de urgência.
Fonte: ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery
Diagnósticos diferenciais da diverticulite:
Devemos lembrar de alguns importantes diagnósticos diferenciais da diverticulite:
- Câncer colorretal (câncer de intestino);
- Doenças inflamatórias intestinais;
- Apendicite aguda;
- Doença inflamatória pélvica (DIP) – em pacientes do sexo feminino.
Por isso, é importante realizar uma colonoscopia 6 semanas após a resolução da crise para investigar esses possíveis diagnósticos e, quando necessário, iniciar o tratamento adequado.
Tratamento da diverticulite:
O tratamento da diverticulite varia de acordo com a gravidade da inflamação:
– Casos leves: mudanças na dieta e medicação (antibióticos e medicamentos para controle da dor). Nos casos em que o paciente está bem e conseguindo se alimentar, esse tratamento geralmente é feito em casa. Nos casos em que o paciente apresenta sintomas mais importantes e dificuldade para se alimentar é necessário internação hospitalar por alguns dias.
– Casos graves: nesses casos são necessários procedimentos como drenagem de abscessos guiada por imagem (feito habitualmente pelo radiologista intervencionista) e, em casos que não respondem a drenagem ou esta não é possível, a cirurgia está indicada. A cirurgia atualmente é feita por via minimamente invasiva – videolaparoscopia ou robótica – na maioria das vezes e, de acordo, com a literatura médica é possível evitar o uso de colostomia em boa parte dos casos.
– Casos de repetição: mesmo que leves, esses casos podem levar a complicações futuras como fístulas com outros órgãos (como a bexiga ou vagina, por exemplo), obstrução intestinal e perda importante da qualidade de vida. Nesses casos está indicada a abordagem cirúrgica de forma eletiva, sendo a cirurgia feita por robótica ou videolaparoscopia, com excelentes resultados.
Prevenção da diverticulite
Prevenir a diverticulite é possível seguindo algumas dicas simples:
- Incluir alimentos ricos em fibras na alimentação;
- Manter um peso saudável;
- Parar de fumar;
- Praticar atividade física regular.
Com essas medidas, é possível prevenir a formação de divertículos e evitar complicações associadas à diverticulite.
Lembre-se de que a prevenção é sempre a melhor opção para manter a saúde do intestino grosso. Inclua alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras, legumes e grãos integrais, em sua dieta diária e evite alimentos processados, ricos em gorduras e açúcares. Além disso, beba bastante água para garantir a hidratação adequada do corpo.
Conclusão
A diverticulite é uma condição comum do intestino grosso que afeta muitos pacientes. Manter um estilo de vida saudável com dieta rica em fibras e atividade física regular pode ajudar na sua prevenção.
Se você já foi diagnosticado com diverticulite, é importante seguir as orientações do seu coloproctologista e fazer as mudanças necessárias na sua alimentação e estilo de vida. Em casos mais graves, pode ser necessária a cirurgia para remover as partes doentes do intestino.
Lembre-se de que a prevenção e o tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações mais graves da diverticulite, como perfuração intestinal, abscessos e sepse.
Com um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, é possível controlar os sintomas da diverticulite e viver uma vida saudável e plena.
Fontes:
– Cleveland Clinic
– Steele et al. ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery. 3rd edition.
– Steele et al. ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery. 4th edition.
– ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery