Câncer de intestino: o que é, como prevenir, diagnosticar e tratar

O câncer colorretal (tipicamente também chamado de câncer de intestino) é aquele que acomete o cólon (intestino grosso) e o reto. O Dr. Matheus Duarte Massahud, coloproctologista em Belo Horizonte, possui vasta experiência no diagnóstico e tratamento do câncer de intestino, com enfoque em cirurgias minimamente invasivas – robótica e videolaparoscópica.

É um dos tipos mais frequentes de câncer no mundo: o terceiro mais frequente com aproximadamente 1.930.000 novos casos anuais. E, no Brasil, é o segundo tumor mais comum tanto em homens quanto mulheres, atrás apenas do câncer de próstata e mama, respectivamente.

Os homens têm maior incidência do câncer colorretal que mulheres e a maior parte dos casos ocorre após os 60 anos de idade. Porém, nos últimos anos, temos visto um aumento dos casos de câncer em pacientes mais jovens e, por isso, qualquer sinal de alarme (veja abaixo quais são) não deve ser ignorado.

Assim como diversos outros tipos de câncer, nas fases iniciais, é uma doença silenciosa ou com poucos sintomas. Presença de muitos sintomas já indica, na maioria das vezes, uma doença mais avançada.

Fonte OMS

Fonte: NIH

Sinais e sintomas

Os principais sinais e sintomas são:

– Dor abdominal com duração de mais de três meses;

– Alterações no hábito intestinal com duração de mais de três meses (constipação ou diarreia); ou na aparência das fezes (mais escuras);

– Presença de sangue nas fezes (cuidado – nem sempre sangue nas fezes é hemorroida!). Na figura abaixo, vemos possíveis causas para a presença de sangue nas fezes:

Fonte: gi.md

– Anemia;

– Cansaço/fraqueza;

– Perda de peso.

Quais são os fatores de risco para o câncer colorretal?

– Idade: afinal é uma doença mais comum conforme envelhecemos;

– Dieta rica em carnes vermelhas, carnes processadas, gordura e com poucas fibras: é o principal fator de risco ambiental. Álcool em grande quantidade também é um fator de risco;

– Obesidade;

– Sedentarismo, independente de estar acima do peso ou não;

– Tabagismo: aumenta principalmente o desenvolvimento de pólipos que são as lesões precursoras do câncer.

A alimentação, sedentarismo, tabagismo e obesidade são os fatores que podemos modificar com mudanças de estilo de vida!

Como prevenir o câncer colorretal?

A prevenção pode ser realizada de duas maneiras: primária e secundária.

A prevenção primária é aquela em que atuamos nos fatores de risco do câncer:

  • Dieta: menor consumo de carne vermelha e alimentos processados combinado com um maior consumo de frutas e vegetais;
  • Prática regular de atividade física;
  • Evitar tabagismo e álcool em excesso.

A prevenção secundária é quando retiramos as lesões que podem tornar-se um câncer: os pólipos intestinais.

Isso é feito por meio da colonoscopia que é o exame que permite identificar retirar essas lesões.

Todas as pessoas com 45 anos ou mais devem realizar algum tipo de rastreamento de câncer colorretal: a pesquisa de sangue nas fezes e a colonoscopia são os principais exames utilizados.

Pacientes com fatores de risco tem indicação de iniciar o rastreamento mais cedo e com exames mais frequentes.  Nestes casos é aconselhado que se procure um Médico especialista para orientar o paciente de acordo com o seu caso.

Nem sempre é possível a prevenção, mas a atenção aos sintomas e sinais sutis pode ser essencial para um diagnóstico precoce e um resultado mais favorável. Acima de 90% dos pacientes com tumores iniciais podem alcançar a remissão daquele tumor!

Fonte: ESMO

Diagnóstico

O diagnóstico é suspeitado de acordo com os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, associado a achados que podem estar presentes no exame físico específico e alterações de exames laboratoriais. A confirmação do diagnóstico é feita com colonoscopia e biopsia.

E após o diagnóstico?

Após o diagnóstico deve ser feito o estadiamento do tumor que inclui exames laboratoriais e exames de imagem:

– O principal exame de laboratório é o CEA (antígeno carcinoembrionário) que é o marcador tumoral do câncer colorretal. Este exame também será usado no acompanhamento dos pacientes. Os demais exames laboratoriais auxiliam também na definição da saúde geral do paciente;

– Tomografias computadorizadas ou ressonâncias magnéticas conforme o caso: para avaliar o tumor primário (o que está no intestino) e investigar a presença de metástases cujos principais órgãos acometidos são o fígado e o pulmão apesar de poderem ocorrer em outros locais.

– PET-CT: este exame é usado em casos selecionados principalmente nas seguintes situações: confirmar ou descartar achados suspeitos dos outros exames, descartar metástases em outros locais quando existem em um determinado órgão e podem ser retiradas (ex.: no fígado) e investigar uma grande elevação do marcador tumoral (CEA) em que os outros exames de imagem estão normais.

Após o estadiamento os casos são discutidos em reuniões multidisciplinares com presença de Coloproctologistas, Oncologistas, Radiologistas e Radioterapeutas para definir o melhor tratamento para cada paciente.

Tratamento

Para o tratamento, é importante separar o câncer de cólon do câncer de reto.

No câncer de cólon, a principal etapa do tratamento é a cirurgia com completa remoção do tumor, com margens de segurança e retirada dos linfonodos que drenam a região tumoral. A operação pode ser feita de duas formas principais: aberta ou minimamente invasiva (videolaparoscopia ou cirurgia robótica).

Atualmente, a via minimamente invasiva é a de escolha por permitir uma recuperação mais rápida dos pacientes, menor dor pós-operatória, melhor efeito cosmético (menores incisões e cicatrizes) e melhor visualização das estruturas pelo cirurgião, com os mesmos resultados oncológicos. Mesmo assim, a via aberta ainda é necessária em alguns casos.

Fontes: British Medical Journal e Intuitive

Após a cirurgia, com análise de todo o tumor e dos linfonodos é definida a necessidade ou não de quimioterapia. A quimioterapia realizada após a cirurgia é chamada de adjuvante.

Os casos que, infelizmente, já são diagnosticados com metástase (esse número fica entre 20 a 25% dos casos) são discutidos em equipe multidisciplinar que inclui radiologista, oncologista, coloproctologista, cirurgião especialista em fígado e vias biliares, cirurgião torácico e têm seu tratamento definido caso a caso.

Para o câncer de reto, o tamanho do tumor primário vai definir se a cirurgia será a primeira etapa do tratamento ou se será precedida por radioterapia e/ou quimioterapia (reservada para tumores maiores). Quando a quimioterapia e/ou radioterapia são realizadas antes da cirurgia elas são chamadas de neoadjuvantes.

Nos casos em que é feita radioquimioterapia, a cirurgia ocorre algumas semanas após o término desta primeira etapa de tratamento. Alguns tumores podem desaparecer após a radioqumioterapia e, em casos selecionados, estes pacientes podem ser acompanhados (sem necessidade de cirurgia no primeiro momento).

Após a cirurgia e, também, em caso de metástases a situação é semelhante à do câncer de cólon.

É sempre preciso usar uma ostomia (“bolsa”)?

A resposta é: não!

Nem sempre será necessário usar uma ostomia (colostomia quando é o cólon utilizado ou ileostomia quando é o íleo – porção mais distal do intestino delgado).

O uso ou não de uma ostomia vai depender de diversos fatores: estado nutricional do paciente, presença de anemia importante e eventos relacionados ao momento da cirurgia (sangramento, intestino muito dilatado, entre outros).

No caso dos tumores de reto que estão localizados abaixo da reflexão peritoneal a cirurgia realizada chama-se excisão total do mesorreto que inclui a remoção de praticamente todo o reto e a confecção de uma anastomose (“emenda”) intestinal muito próxima ao ânus. Nestes casos, rotineiramente confeccionamos uma ileostomia de proteção – temporária em quase todos os casos.

Alguns tumores de reto que estão muito próximos do ânus e invadem a musculatura responsável por nossa capacidade de segurar as fezes – o esfíncter anal – precisam de cirurgia que inclui uma colostomia definitiva.

Após a cirurgia, mesmo que não tenha sido realizada ostomia, ainda há o risco de ser necessário seu uso nos casos em que há algum “vazamento” (fístula) na anastomose.

Fonte: UpToDate

Como é feito o acompanhamento?

O acompanhamento após o diagnóstico e tratamento de um câncer de intestino é realizado por, no mínimo, cinco anos.

Esse acompanhamento inclui consultas regulares, solicitação de exames laboratoriais, incluindo o marcador tumoral (CEA), colonoscopia e exames de imagem (tomografias computadorizadas e/ou ressonância magnética).

Após este período não há mais nenhum acompanhamento recomendado pela literatura médica, mas é importante lembrarmos que sempre haverá um risco aumentado de um novo câncer de intestino e, portanto, é interessante manter visitas regulares ao seu coloproctologista.

Fontes:

– ESMO

– NCCN

– UpToDate

– NIH

– Colorectal Cancer Alliance

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