Hemorroidas: sintomas, causas e tratamento

​O que são hemorroidas?

Hemorroidas são pequenos vasos sanguíneos localizados no canal anal (internas) e embaixo da pele da região perianal (externas).  Todos nós possuímos hemorroidas e aproximadamente três a cada quatro indivíduos apresentará algum sintoma ao longo da vida. Felizmente, a maioria dos pacientes terá alívio do quadro com medidas simples, em especial mudanças alimentares, alteração de hábitos de higiene e modificações de estilo de vida.

Fonte: Mayo Clinic

Quais são os sintomas?

Para falar sobre os sintomas, devemos primeiro dividir as hemorroidas em externas e internas:

Hemorroidas externas:

– Dor e desconforto na região anal, especialmente ao sentar-se;

– Coceira na região anal;

– Presença de nódulos (“carocinhos”) endurecidos em torno do ânus;

– Sangramento: menos frequente que nas hemorroidas internas.

Hemorroidas internas:

– Sangramento: vermelho vivo e geralmente indolor;

– Prolapso: saída das hemorroidas pelo ânus. Em boa parte dos casos, elas retornam sozinhas e em outros podem ser gentilmente colocadas para dentro;

– Dor: não é frequente e geralmente ocorre quando já está presente o prolapso ou durante crises.

Deve-se ter cuidado, pois nem sempre o sangramento pelo ânus será devido a doença hemorroidária. Portanto, na presença de sangramento deve-se procurar avaliação com médico o Coloproctologista, independente da idade, especialmente se o sangramento for acompanhado de alterações no funcionamento do intestino como constipação (prisão de ventre) ou diarreia, mudanças da cor e formato das fezes, dor abdominal e perda de peso não intencional. Outras doenças que também podem causar sangramento anal são:

– Câncer de intestino;

– Doença de Crohn;

– Retocolite ulcerativa;

– Fissuras anais;

– Doenças sexualmente transmissíveis como clamídia e gonorreia, por exemplo.

E os graus?

É muito comum os pacientes me perguntarem no consultório sobre em que grau está a hemorroida.

Sabemos que apenas as hemorroidas internas são divididas em graus, conforme ilustra a seguir. O que define o grau é a saída para fora do ânus e retorno ou não dos mamilos hemorroidários:

– I: não há exteriorização;

– II: há exteriorização e retorno espontâneo;

– III: há exteriorização e retorno apenas com manobras digitais;

– IV: há exteriorização permanente, sem retorno.

Steele et al. The ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery, 4th ed.

Causas e fatores de risco:

As causas e fatores de risco são vários e, geralmente, mais de um deles está presente. Os principais estão listados abaixo:

– Esforço durante as evacuações;

– Ficar sentado por muito tempo no vaso sanitário;

– Constipação crônica;

– Diarreia crônica;

– Obesidade;

– Gestação;

– Dieta com poucas fibras;

– Carregamento de objetos pesados com frequência.

– Envelhecimento: ao envelhecermos, as pequenas fibras musculares que sustentam as hemorroidas enfraquecem, favorecendo o inchaço e prolapso.

Quais as possíveis complicações?

Apesar da doença hemorroidária ter muitos sintomas que geram grande desconforto e piora da qualidade de vida para os pacientes, felizmente as complicações são raras. As mais frequentes são:

– Anemia: em caso de sangramento crônico e muito frequente (que ocorre quase todos os dias). É uma complicação rara;

– Trombose hemorroidária (também conhecida como crise hemorroidária): percebe-se um caroço endurecido e extremamente doloroso na borda do ânus. Na maioria das vezes o tratamento é conservador com medicamentos direcionados para resolução do quadro, analgésicos e cuidados locais com destaque para os banhos de assento;

– Estrangulamento: acontece quando o fluxo sanguíneo para a hemorroida prolapsada é interrompido pela contração da musculatura anal. É um quadro extremamente doloroso, pode ser acompanhado de febre e pode ser tratado de forma conservadora ou com cirurgia em casos mais graves.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da doença hemorroidária é feito no consultório com anamnese (entrevista) e exame físico completo.

No exame físico direcionado (exame proctológico) são realizadas as seguintes etapas que permitem o diagnóstico das hemorroidas e de outras doenças:

– Inspeção: o médico visualiza a região anal em repouso e após pedir o paciente para simular um esforço de evacuar;

– Toque retal: é sentida toda a mucosa do canal anal e também se percebe a força e tônus dos esfíncteres anais;

– Anuscopia: é introduzido um pequeno aparelho pelo ânus que permite a visualização do canal anal;

– Retossigmoidoscopia: é introduzido um aparelho e insuflada pequena quantidade de ar para examinar o reto e o cólon sigmoide.

Todas essas etapas não são dolorosas e são feitas com o paciente acordado no próprio consultório.

Mais uma vez, devemos lembrar que o especialista para diagnóstico e tratamento da doença hemorroidária é o Coloproctologista.

Existe prevenção?

A prevenção é feita com modificação alimentar e de hábitos de vida:

– Dieta rica em fibras: é recomendada uma ingestão de 20-30 gramas de fibra por dia que são obtidas com consumo de frutas, vegetais e grãos integrais. Quando não é possível ingerir esta quantidade na dieta, recomendamos o uso de suplementos;

– Beber pelo menos 2 litros de água por dia, em média (isso também depende do peso do paciente. Quando usamos suplementos de fibras devemos ficar ainda mais atentos a hidratação, pois caso o paciente não ingira bastante líquido, as fezes podem ficar duras e volumosas;

– Evitar esforço na hora de evacuar;

– Evitar ficar muito tempo sentado no vaso. Ou seja, evite levar o celular, tablet, computador, livros ou revistas para o banheiro;

– Ir ao banheiro sempre que sentir vontade. Não se deve adiar a ida ao banheiro para evacuar;

– Prática regular de atividade física: que confere inúmeros benefícios, entre eles o auxílio na regulação do funcionamento do intestino e a perda de peso. Só deve-se tomar cuidado com o levantamento de pesos com muita intensidade e frequência.

Fonte: Google imagens

Quais são as opções de tratamento?

O tratamento é definido de acordo com a localização das hemorroidas e intensidade dos sintomas. Inicialmente, sempre são recomendadas as modificações alimentares e de estilo de vida mencionadas anteriormente e, em muitos casos, isso é suficiente para resolução dos sintomas.

Além dessas modificações, existem opções de procedimentos realizados em consultório e de tratamentos cirúrgicos de acordo com cada caso e individualizados para cada paciente.

Procedimentos realizados em consultório:

– Ligadura elástica: são colocados pequenos elásticos na base da hemorroida interna, impedindo seu sangramento e prolapso (saída pelo ânus). É realizado no consultório, com o paciente acordado e gera mínimo desconforto. Essa opção pode ser realizada nos graus I até III da doença hemorroidária interna.

Steele et al. The ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery, 4th ed.

– Escleroterapia: é realizada a injeção de substâncias esclerosantes, como microespuma (de forma semelhante ao tratamento de varizes das pernas) nas hemorroidas, reduzindo seu volume e, portanto, os sintomas. Geralmente pode ser indicada nas hemorroidas de grau I e II.

Fonte: Wikipédia

– Coagulação: é feita cauterização das hemorroidas com calor infravermelho, gerando redução do sangramento, essa opção é restrita para hemorroidas internas de grau I.

Fonte: Gettyimages

Técnicas cirúrgicas

– Cirurgia convencional: é a remoção das hemorroidas que se encontram doentes (aumentadas). Apesar do pós-operatório ser doloroso, é a opção com melhores resultados e longo prazo.

Steele et al. The ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery, 4th ed.

– Cirurgia com hemorroidopexia e desarterialização: é utilizado um anuscópio equipado com ultrassom para guiar suturas (pontos) nos vasos que levam sangue até as hemorroidas e depois fixá-las na sua posição original. É um procedimento com bons resultados e menos dor no pós-operatório.

Steele et al. The ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery, 4th ed.

– Hemorroidopexia com grampeador: é usado um grampeador que reposiciona os mamilos hemorroidários no canal anal, reduzindo os sintomas. Notem que as hemorroidas não são retiradas, reduzindo a dor no pós-operatório, porém aumentando as chances de recidiva e retorno dos sintomas.

Steele et al. The ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery, 4th ed.

– Cirurgia a laser: utiliza-se laser para coagular os vasos sanguíneos e terminações nervosas gerando recuperação rápida e com menos dor.

Conclusão

A doença hemorroidária é muito frequente e um dos principais motivos para os pacientes procurarem atendimento médico. Não devemos ter vergonha e ignorar os sintomas, pois quanto antes for feito o diagnóstico, mais bem sucedido e menos invasivo será o tratamento.

Como Coloproctologista, o Dr. Matheus Duarte Massahud possui vasta experiência no tratamento e acompanhamento dos pacientes com hemorroidas, seja com realização de procedimentos em consultório assim como com as diversas opções de cirurgia disponíveis.

Fontes:

– Mayo Clinic

– Cleveland Clinic

– Harvard Health

– Steele et al. ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery. 3rd edition.

– Steele et al. ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery. 4th edition.

– GettyImages

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