O cisto pilonidal é uma condição que frequentemente provoca desconforto e preocupação em pacientes, sendo uma das causas comuns para a consulta a um coloproctologista. Este distúrbio, merece uma atenção especial devido à sua natureza recorrente e à possibilidade de complicações se não for adequadamente tratado. Como coloproctologista com atuação em Belo Horizonte, o Dr. Matheus Duarte Massahud, possui grande experiência no tratamento de pacientes com cisto pilonidal.
Definição e Etiologia:
O termo “pilonidal” deriva do latim “pilus”, que significa pelo, e “nidus”, que significa ninho. Essa condição refere-se à formação de um cisto ou abscesso na região sacrococcígea, geralmente próximo ao cóccix. A etiologia exata do cisto pilonidal não é totalmente compreendida, mas acredita-se que seja influenciada por diversos fatores como pelos encravados, predisposição genética, atividade física intensa, sudorese excessiva e trauma repetitivo na região.
Hoje entende-se que os pacientes com essa condição têm um defeito no completo fechamento da linha média na região sacrococcígea, permitindo a entrada de pelos dentro da pele, causando abscessos. Por estar associada a excesso de pelos, é uma condição muito mais frequente em homens.
Apresentação Clínica:
Os sintomas variam de leves a graves e podem incluir dor, inchaço, vermelhidão e drenagem de pus. Pacientes muitas vezes relatam desconforto ao sentar, o que pode impactar negativamente na qualidade de vida. Em alguns casos, o cisto pilonidal pode evoluir para um abscesso, agravando os sintomas e tornando a condição mais complicada.
Fonte: Steele et al. The ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery. 4th edition.
Diagnóstico:
O diagnóstico do cisto pilonidal é, geralmente, clínico. A análise da história clínica do paciente, juntamente com um exame físico detalhado da região sacrococcígea, são fundamentais. A presença de um pequeno orifício na pele, com ou sem drenagem purulenta, é uma característica comum. Em alguns casos, exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética, podem ser solicitados para avaliar a extensão do cisto ou para descartar outras condições como os muito raros tumores pré-sacrais, por exemplo.
Tratamento Conservador:
O tratamento inicial do cisto pilonidal pode ser conservador, especialmente em casos menos graves. Isso geralmente envolve a higiene cuidadosa da área afetada, evitando a pressão constante na região ao sentar e utilizando antibióticos tópicos para prevenir infecções secundárias. Banhos de assento mornos também são frequentemente recomendados para aliviar a dor e promover a drenagem do cisto.
Além disso, é essencial remover o excesso de pelos da região com depilação com cera ou laser. O ato de raspar pode gerar novos pelos encravados e, inclusive, piora dos sintomas. A depilação está associada com melhora importante dos sintomas ou até mesmo resolução dos quadros em casos leves e melhores resultados a longo prazo em casos graves que precisarão ser submetidos a cirurgias.
Tratamento Cirúrgico:
Em casos mais complexos ou crônicos, a excisão cirúrgica completa do cisto pilonidal é frequentemente indicada. Essa abordagem visa remover não apenas o cisto, mas também tecidos circundantes afetados, reduzindo assim as chances de recorrência. A cirurgia pode ser realizada por meio de técnicas abertas ou fechadas, dependendo da extensão da lesão e das preferências do cirurgião e do paciente.
A excisão aberta envolve a remoção do cisto com deixar o ferimento aberto para cicatrizar por segunda intenção. Embora isso possa resultar em um tempo de cicatrização mais longo, tem a vantagem de permitir uma melhor drenagem e redução do risco de recorrência. Por outro lado, a excisão fechada, ou fechamento primário, envolve o fechamento direto da ferida após a remoção do cisto. Isso pode proporcionar uma recuperação mais rápida, mas há um risco ligeiramente aumentado de recorrência.
Existem também diversas opções de retalhos para o fechamento do defeito após a excisão do cisto pilonidal, com resultados superiores ao fechamento primário.
Fonte: Wikipédia
Procedimentos Minimamente Invasivos:
Atualmente, temos à nossa disposição técnicas minimamente invasivas com bons resultados tanto funcionais quanto estéticos, além de um menor tempo de recuperação quando comparado às técnicas tradicionais:
– Laser: o laser cauteriza os pequenos trajetos criados pelos pelos no subcutâneo da região sacrococcígea. Dessa forma, a reação inflamatória e posterior fibrose gerados pela cauterização não permitem a entrada de novos pelos, a consequente inflamação e formação de novos abscessos.
– EPIST: utiliza-se um equipamento com uma delicada câmera de 5mm que entra pelos trajetos do cisto pilonidal e, com uma pequena escova, removemos os pelos e debris que estão no tecido subcutâneo e, posteriormente, cauterizamos estes trajetos, impedindo assim a entrada de novos pelos.
Cuidados Pós-Operatórios:
Independentemente do método escolhido, os cuidados pós-operatórios são cruciais para uma recuperação adequada. Isso inclui a manutenção da higiene local, o uso de curativos apropriados e evitar atividades que possam exercer pressão excessiva na região operada. A orientação do paciente sobre esses cuidados é fundamental para prevenir complicações e garantir bons resultados a curto e longo prazo.
Além disso, mais uma vez é essencial reforçar que a depilação promove melhores resultados.
Prevenção e Orientação:
A prevenção do cisto pilonidal muitas vezes envolve medidas simples, como manter uma boa higiene pessoal, evitar a depilação com gilete na região sacrococcígea e utilizar técnicas adequadas para evitar pelos encravados, como depilação com cera ou a laser.
Complicações Potenciais:
Embora a maioria dos casos de cisto pilonidal seja tratada com sucesso, complicações podem surgir se a condição não for adequadamente gerenciada. Infecções recorrentes, abscessos persistentes e a formação de fístulas complexas são exemplos de complicações que podem surgir em casos mais graves ou em situações de recorrência.
Conclusão:
O cisto pilonidal é uma condição desafiadora, mas com uma abordagem adequada, a grande maioria dos pacientes experimenta uma recuperação completa. A escolha do tratamento, seja conservador ou cirúrgico, depende da gravidade da condição e das características individuais do paciente. A intervenção precoce e a educação do paciente sobre medidas preventivas são essenciais para minimizar recorrências e melhorar a qualidade de vida a longo prazo. Como coloproctologista, o meu compromisso é proporcionar um cuidado abrangente, aliviando os sintomas e promovendo a recuperação eficaz de pacientes afetados por essa doença.
Referências:
Fonte: Steele et al. The ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery. 3rd edition.
Fonte: Steele et al. The ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery. 4th edition.
Wikipédia
UpToDate